Descolamento Prematuro de Placenta: Existe prevenção?

Por Dr. André Sotelo

Durante uma gestação a placenta estará envolvida em todos os mecanismos de troca materno-fetal, realizando a manutenção adequada de oxigenação, nutrientes, metabólitos e dejetos que permitem o adequado crescimento e desenvolvimento fetal.

O descolamento prematuro de placenta é o desprendimento de uma porção desta estrutura após 20 semanas de gestação e antes do momento do nascimento. É uma doença aguda e de caráter evolutivo e que na maioria das vezes o principal sintoma envolvido é sangramento vaginal (80% das vezes) seguido de forte contração uterina praticamente sem intervalos entre uma e outra.

Em uma pequena parcela, há quadros hemorrágicos crônicos placentários com progressão lenta e insidiosa que determina monitorização fetal permanente até o melhor momento para resolução da gestação, evitando assim uma prematuridade extrema.

O diagnóstico geralmente é clínico, porém exames subsidiários como ultrassonografia podem ajudar na avaliação principalmente quando se trata dos quadros mais crônicos.

Mas será que este fenômeno é muito comum?

Estima-se que sua frequência pode atingir até 1 para 1.550 partos, porém esta patologia obstétrica apresenta uma aferição bastante variável devido a outras causas de sangramento durante uma gestação que podem confundir o diagnóstico e que muitas vezes exigem da equipe obstétrica uma resolução imediata em um serviço de emergência.

 Quais são as causas?

A sua causa pode ser dividida em fatores traumáticos ou mecânicos (esta a menor parcela das pacientes) e causas não traumáticas (representando a maioria das pacientes) decorrentes principalmente de patologias ligadas ao fator materno.

Existem diversos fatores predisponentes, entre eles idade materna avançada, gestações anteriores, tabagismo, uso de drogas, doenças ligadas a coagulação sanguínea e miomas uterinos localizados no sítio placentário.

Mas, se tivermos que eleger o principal responsável, a hipertensão materna preexistente ou decorrente da gestação é a mais importante. Ela causa alterações vasculares da placenta devido a lesões geradas pela hipertensão na parede dos vasos.

Quando é necessário tratar e de que forma?

A principal forma de tratamento para a doença é baseada na antecipação do parto, a não ser quando existem formas crônicas de descolamento no qual o repouso pode ser de grande valia para assim ganharmos maturidade fetal e realizar o parto em momento oportuno para o bem-estar fetal.

Assim, podemos concluir que o mais importante é um pré-natal bem realizado com prevenção de possíveis patologias maternas que podem prevenir tanto o descolamento prematuro de placenta como tratar adequadamente suas complicações.

Dr André Bonafé Sotelo (CRM: 112.823)

Médico Ginecologista pela Santa Casa de São Paulo
Especialista em Reprodução Humana e Vídeo Laparoscopia
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