Adoção, um processo de amor

Por Dra. Franciane Nascimento

Hoje vamos falar sobre um assunto bem complexo para as mamães que é processo de adoção, e para isso vamos começar entendendo o que é a adoção…

A adoção é um processo de inserção no ambiente familiar, de forma definitiva, de uma criança cujos pais morreram, são desconhecidos, não podem ou não querem assumir o desempenho das suas funções ou foram considerados inaptos pela autoridade competente. Ou seja, adotar é oferecer uma família destinada a dar conforto, afeto e acima de tudo amor, proporcionando a essa criança, uma base para seu desenvolvimento, lembrando que ter uma família é um direito da criança e também uma necessidade, o que leva o processo de adoção a um valor essencial para muitas crianças.

foto 1Existem hoje cerca de 5.500 mil crianças em condições de serem adotadas e quase 30 mil famílias na lista de espera do CNA (Cadastro Nacional da adoção), o que demonstra uma dificuldade no processo em termos legais no Brasil.

Quem pode adotar?

De acordo com ECA (Estatuto da criança e adolescente), homens e mulheres maiores de 18 anos podem adotar (desde que sejam, no mínimo 16 anos mais velhos que o adotado, independentemente de seu estado civil, desde que ofereçam um ambiente adequado a criança/adolescente e que não sejam ascendentes ou irmãos do adotado ou que causem algum prejuízo ao mesmo. Pessoas solteiras, viúvas ou que já tenham filhos podem adotar também se tiverem estabilidade econômica e demonstrarem poder oferecer um ambiente adequado ao adotado através da avaliação psicossocial realizada pelos profissionais da Vara da infância e da Juventude.

O que a adoção movimenta internamente nesses pais?

Quando um casal pensa em adotar um filho, na maioria dos casos isso acontece pela impossibilidade desses pais de ter filhos biológicos, salvo algumas exceções, essa impossibilidade pode ser do casal, ou de um deles.

A criança sempre nasce primeiramente no psiquismo dos pais, quando o casal começa a conversar sobre a possibilidade de adotar, sobre as vantagens e dificuldades dessa atitude, neste momento de suas vidas eles passam a viver a etapa chamada de Gestação Emocional da adoção. No decorrer desta espera que pode durar dias, meses, anos, essa ansiedade aumenta quanto aos aspectos físicos desse filho como, sexo, cor de olhos e da pele, peso, etc e principalmente quanto suas características emocionais, juntamente com essa ansiedade se intensificam os temores quanto à herança biológica: doenças, mal formações; também fazem parte deste período.

 Assim, o tempo que levaram desde o início da idéia de adoção até o seu florescimento (buscar a criança), corresponde a uma verdadeira gestação.

Nesse período, mais ainda quando o adotado é o primeiro filho do casal, os pais costumam sentir a responsabilidade de ter essa criança com eles, o que pode gerar dúvidas quanto ao erro ou acerto de tê-la adotado; pensam se vão sair-se bem nesta função, se são suficientemente bons, se estão preparados, mas é também um período em que a vinculação entre pais e criança se estreitam, onde o medo do abandono existe nos dois lados. Quando essa criança começa a buscar auxilio dos pais, representa que essa entrou no processo de aceitação, nisso as dúvidas começam a ser dissipadas, pois isso se torna um forte indicativo que aquela criança os reconhece como pais. Quando os pais pensam “Nem lembramos que ela é adotada”, isso nos traz um dado que a vinculação está sendo feita, e sugere que houve uma internalizarão de ambos os lados.

As reais motivações para adoção…

É importante que os pais adotivos estejam cientes de suas reais motivações para adotar uma criança ou adolescente para que ocorra a internalização, isto é, que os futuros pais adotivos não criem fantasias irreais, por exemplo, que essa criança vai ser perfeita em suas atitudes, que ela vai ser educada, que nunca vai decepcioná-los.

Ser pai ou mãe de uma criança adotiva é tão complexo quanto ser pai ou mãe de um filho biológico, tirando o fato que essa criança já passou por um processo de rejeição e necessita de um processo de adaptação mediado por muito amor. Os pais que se propõem a adotar, tem que ter em mente a certeza que esse filho necessita desse amor e de um processo de acolhimento, que consiste em reafirmar essa vontade de tê-lo como filho, nesse sentido é importante passarem por um processo terapêutico a fim de entender as reais motivações que os leva a querer  essa criança, seus medos e seus anseios, antes de tomarem a decisão quanto a adoção. Algumas dessa crianças podem ter passados por processos doloridos de separação dos pais biológicos, terem vivido em abrigos, ou até mesmo terem sido devolvidas por outros casais.

Em termos legais, a adoção, depois de concluída, é irreversível. Para evitar que haja arrependimento por parte dos pais adotivos e da criança, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA,) prevê um período de adaptação para que seja estabelecido o contato entre as partes e avaliada as compatibilidades, e é nesse período que a maioria das devoluções acontece, gerando uma dupla rejeição nessa criança, uma vez que essas passam por um período de “experimentação” e não são aprovadas.

Portanto, se você tem em mente adotar uma criança, analise esse motivo, esteja aberto a amar e esteja disposto a se livrar de seus preconceitos para que a outra vida seja refeita.

A adoção, corresponde a um grande movimento de desprendimento de idealizações, aceitação de frustrações, internalização de amor e respeito ao próximo, que pode trazer muita alegria tanto aos pais, quanto aos adotados, quando feito da forma correta e afetiva.

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  “Adotar é acreditar que ahistória é mais forte que a hereditariedade, que o amor é mais forte que o destino”.  Lidia Weber

Franciane