Por Dra. Luciana Hangai
Hoje farei um apanhado sobre microcefalia, assunto que veio à tona, devido ao aumento de casos nos últimos meses.
Dizemos que o bebê apresenta microcefalia quando seu perímetro cefálico (PC) é menor que a média para um bebê de seu tamanho e idade. Pode estar presente ao nascimento ou desenvolver-se nos primeiros ano de vida. Uma medida de referência é 33 cm, sendo que o Ministério da Saúde do Brasil, diminuiu este valor para 32 cm, devido aos casos relacionados ao Zika vírus.
Sabemos que o crescimento do crânio é determinado pela expansão do cérebro, então, se o cérebro para de crescer, o crânio também estaciona. Algumas das causas conhecidas incluem:
-Doenças dos cromossomos, como a Síndrome de Down,
-Alcoolismo e abuso de drogas pela mãe,
-Infecções virais maternas como a rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, Zika vírus.
-Diabetes, fenilcetonúria, desnutrição, envenenamento por mercúrio das mães
Quando adquirida após o nascimento está associado à falta de oxigênio no momento do parto, infecção como a meningite ou mesmo a cranioestenose que é caracterizada pela fusão precoce das suturas craniana que ocorre antes do crescimento cerebral, impedindo a expansão e deformando a caixa craniana.
Durante o pré-natal, o USG pode identificar tal diminuição do crescimento adequado do perímetro cefálico, mas em muitos casos, o diagnóstico se dá ao nascimento, quando fazemos a mensuração com uma simples fita métrica.
Além da cabeça visivelmente pequena, o bebê pode apresentar choro estridente, pouca aceitação de alimentos, convulsões, movimentos espásticos dos braços e pernas, hiperatividade, atraso do crescimento e retardo mental. A medida que a criança cresce, seu rosto acompanha tal desenvolvimento enquanto o crânio permanece inalterado, a face fica desproporcional e o couro cabeludo fica solto e enrugado.
Com exceção dos casos de cranioestenose, quando a cirurgia pode ser indicada, o tratamento da microcefalia visa potencializar as habilidades da criança, tornando-a ao máximo independente. Deve contar com uma equipe multidisciplinar para ajudar a família nesta jornada.
Assim, naqueles casos em que pode ser prevenida, a orientação para a futura mamãe tem que ser intensificada, mostrando medidas eficazes.
Agora, com o reconhecimento da associação entre microcefalia e Zika vírus, o combate ao Aedes aegypti torna-se essencial. As medidas preventivas como não deixar água parada, usar repelentes adequados tornam-se indispensáveis.
Mais um verão se aproxima, mais casos serão notificados. Não podemos ficar impassíveis. Temos que fazer nosso papel como agentes de prevenção. Comecemos em nossas casas. Cuidemos de nossa saúde e daqueles que dependem diretamente de nós, nossa família.
Um abraço carinhoso a todas!!!!!!