Por Dra. Marilia Vanzelli
Chupar o dedo é um comportamento instintivo e natural no bebê, que pode ter início ainda está no útero materno. Tem a função de fortalecer a musculatura responsável pelos movimentos da sucção, preparando-o para mamar.
Apesar de natural, chupar o dedo pode gerar problemas fisiológicos, estéticos, emocionais e até de convivência em sociedade.
A sensação de conforto acalma a criança, que passa a relacionar a sucção com um estado de segurança e aconchego, assim como a chupeta. Os problemas aparecerão dependendo da frequência e duração do hábito.
Chupar o dedo também pode ser sintoma de dificuldade para enfrentar uma situação nova. É comum, por exemplo, que uma criança que não chupava mais o dedo, retome o gesto com o nascimento de um irmão ou a entrada na escola.
A criança maior, que ainda chupa o dedo, também pode ser excluída do grupo pelo comportamento infantilizado, já que o gesto de chupar o dedo pode ser caracterizado como uma “atitude de bebês”.
O ideal é que o hábito seja removido antes dos dois anos de idade, para que não haja comprometimento da deglutição, respiração, fala e da posição dos dentes. Caso o hábito persista, será necessário um tratamento multidisciplinar, envolvendo otorrino, fonoaudiólogo, dentista e muitas vezes um psicólogo também.
Normalmente, são recomendadas manobras para fazer em casa, como envolver o dedo com materiais como fita adesiva, fita crepe, ou esparadrapo/micropore; desenhar personagens na pontinha do dedo ou na unha da criança; nas meninas apelar para a vaidade, pintando as unhas.
É possível também substituir o dedo por outro objeto, mas nunca utilizar métodos agressivos e inócuos como passar pimenta no dedo, ou outras substâncias de sabores odiosos.
O tempo do tratamento depende de cada criança e do seu núcleo familiar, e também do diagnóstico que estabeleça o possível motivo do hábito. Em casos que envolvam o emocional, é importante contar também com um psicólogo que poderá trabalhar simultaneamente com os demais profissionais. Inclusive com um ortodontista, caso a criança já esteja com problemas no posicionamento das arcadas dentárias.
Caso seu filho tenha mais de um ano e dificuldades para deixar de chupar o dedo, é importante procurar seu pediatra para fazer uma análise de todo quadro emocional e familiar e receber as orientações e, se necessário, ele irá acionar uma equipe multidisciplinar.